segunda-feira, 25 de julho de 2011

China quer ampliar investimento em tecnologia no Brasil, diz embaixador


Principal parceira comercial do Brasil e destino da primeira visita de Estado da presidente Dilma Rousseff, a China quer se afastar da imagem de mera compradora de matéria-prima e produtos sem grande valor agregado do seu parceiro sul-americano. Além disso, também vai investir em tecnologia para sustentar o ritmo acelerado de crescimento dos dois países. Essas são afirmações do embaixador Qiu Xiaoqi, em entrevista ao UOL Notícias.

Há dois anos e meio no cargo, Qiu afirmou que muitos brasileiros se queixaram a ele sobre as preferências comerciais chinesas, em especial de produtos agrícolas e elementos básicos, como minério de ferro. “Agora vocês podem ver que já temos troca de alta tecnologia, intercâmbio de produtos com valor agregado mais alto. E a China também participa ativamente da construção de infraestrutura no Brasil”, disse o diplomata.

Um dos exemplos, segundo ele, é a instalação da fábrica de automóveis populares Chery, com um investimento de US$ 400 milhões (cerca de R$ 622 milhões) em Jacareí, no interior de São Paulo. A expectativa é de que a unidade traga 3.000 empregos e seja concluída em 2013, com capacidade de produção de 50 mil veículos por ano. “Esse é um dos exemplos. Teremos tecnologia chinesa e as empresas brasileiras de autopeças vão participar”, afirmou.

Além da fábrica, uma empresa chinesa investiu em transmissão elétrica de alta tensão. “Queremos participar mais, temos tecnologia de ponta nesse aspecto, com transmissão de supertensões. É alta tecnologia e pode economizar muita energia, evitar perdas durante a transmissão”, afirmou o embaixador. “Sabemos que a infraestrutura aqui é um gargalo para o desenvolvimento econômico. Hoje, a China pode ajudar a melhorar nesse aspecto.”

Perspectiva

Em 2010, o comércio entre Brasil e China acumulou US$ 62,5 bilhões (cerca de R$ 97 bilhões). O investimento dos chineses no país chegou a quase US$ 20 bilhões (cerca de R$ 31 bilhões), de acordo com a embaixada. No primeiro semestre deste ano, o comércio entre os dois países se expandiu em 50%, na comparação com o mesmo período. “Quem conhece a lei básica da matemática já pode ter sua conclusão (sobre o que pode acontecer no futuro)”, disse.

O embaixador disse que empresas chinesas fizeram contato para participar de obras de infraestrutura da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, assim como de projetos de integração da América do Sul. “O Brasil já organizou eventos importantes como os Jogos Pan-Americanos e os Jogos Militares no Rio. A cooperação entre os dois países realmente pode ajudar o Brasil a organizar com sucesso esses dois eventos”, afirmou.

Apesar da proximidade de Dilma com a China e com os Estados Unidos nesse início de governo, Qiu afirmou que o Brasil “não tem que ter opção por um lado ou por outro”. Ao contrário do governo americano, Pequim já indicou apoio ao desejo brasileiro de ter uma vaga permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Para o embaixador, “Brasil e China têm muitas visões similares e outras iguais”.

“Estamos dispostos a levar adiante esse tipo de cooperação com o Brasil. Tanto no marco da ONU como no de outras organizações internacionais”, disse. “O Brasil é um país importante em via de desenvolvimento. Somos a favor da democratização das relações internacionais. Os interesses dos países em via de desenvolvimento têm de aparecer na agenda internacional”, afirmou.

Créditos: Eric Cordeiro de Souza

Fonte: Notícias Tecnologia

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